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Bancos melhoram as suas políticas de bem-estar animal, aponta relatório da Sinergia Animal

Sinergia Animal e Shifting Values avaliaram 74 instituições financeiras em 21 países pelo segundo ano, veja a pontuação dos bancos brasileiros

Um novo relatório publicado nesta terça-feira (4) pela ONG internacional Sinergia Animal e o empreendimento social Shifting Values mostra que instituições financeiras ao redor do mundo têm melhorado suas políticas de bem-estar animal. Em 2022, na primeira edição do Banks For Animals, a média mundial foi de 9,9%, enquanto neste ano a pontuação subiu para 10,5%.  


Publicado em conjunto com a plataforma interativa Banks For Animals, o documento avaliou as diretrizes de 74 bancos e investidores de 21 países diferentes em cinco continentes (Ásia, Europa, América do Norte, Oceania e América do Sul). As 5 instituições financeiras que receberam a melhor classificação são as mesmas de 2022 – Triodos, de Volksbank, Australian Ethical, Rabobank e ABN Amro –, sendo que a maioria melhorou suas políticas de bem-estar animal em pelo menos um critério.



“Já é possível observar um pequeno progresso, conforme os bancos vêm fortalecendo seus compromissos: em um único ano, 14 de 74 melhoraram suas políticas”, afirma Carolina Galvani, diretora executiva da Sinergia Animal. O banco que mais subiu no ranking foi o French Société Générale, indo de zero a 21%. O colombiano BanColombia também figurou na lista dos que melhoraram desde o ano passado, após publicar uma política robusta proibindo financiamentos à comercialização de animais silvestres. Eles já possuíam políticas restringindo financiamentos para a produção de couro.


“As instituições financeiras são uma peça essencial para melhorarmos as vidas dos animais. São elas que decidem quais atividades e quais práticas devem receber financiamento – ou não. Por exemplo, suas políticas podem impedir o financiamento de testes em animais, do comércio de animais silvestres e de algumas das práticas mais cruéis da pecuária, como o confinamento em gaiolas e mutilações realizadas sem anestesia”, explica. 


Um dos maiores avanços observados neste ano foi o estabelecimento de políticas que incentivam linhas especiais de financiamento para transições a sistemas alimentares baseados em plantas – o que normalmente significa investir em práticas mais sustentáveis na produção de alimentos, como as agroecológicas ou as agroflorestais, ou em melhorias em bem-estar animal, como transições para deixar de usar gaiolas. Neste ano, 9 bancos acrescentaram esse critério às suas políticas de crédito, incluindo o holandês Rabobank, o britânico NatWest e o Standard Chartered.


Segundo a Sinergia Animal, trazer transparência ao setor é uma oportunidade para que clientes saibam como seus bancos estão atuando e possam decidir onde manter e investir o próprio dinheiro. “Quando você guarda dinheiro em sua conta bancária ou investe em fundos, as instituições financeiras podem usá-lo para oferecer crédito a uma grande variedade de negócios, incluindo alguns que causam danos terríveis aos animais”, alerta Galvani.


Brasil precisa avançar mais


Apesar do progresso geral observado, a Sinergia Animal destaca que mais da metade dos bancos e investidores avaliados ainda não têm políticas para evitar as piores crueldades contra animais antes de decidir conceder empréstimos ou realizar investimentos; e que 90% deles obtiveram menos da metade da pontuação possível.


Entre os bancos brasileiros avaliados, o Itaú é um caso emblemático por ter caído no ranking, pontuando menos do que em 2022 e figurando atualmente sem nenhuma política. “No ano passado, o Itaú ganhou pontos por financiar a transição da Mantiqueira para a produção de ovos livres de jaulas. No entanto, isso não se traduziu em uma efetiva política em 2023, razão pela qual os pontos foram perdidos. É uma pena que esse bom exemplo não tenha se transformado em algo oficial da parte do banco”, lamenta a diretora executiva da Sinergia Animal.


A ONG também avaliou outros 4 bancos brasileiros – Banco do Brasil, BNDES, Bradesco e BTG Pactual. Apesar de terem pontuado um pouco mais do que o Itaú, nenhum deles progrediu desde o ano anterior. O ranking nacional foi mais uma vez liderado pelo Banco do Brasil, que manteve suas restrições à manipulação genética de animais e sua linha especial de financiamento para promover sistemas de produção de alimentos mais sustentáveis e que considerem o bem-estar dos animais, obtendo um total de 3 pontos dos 42 possíveis.


“A média nacional é 1,4, o que não é o suficiente, especialmente se considerarmos que o Brasil é um dos líderes globais em agropecuária. Estamos falando de milhões de animais – a segunda maior população de bois do mundo e a terceira de porcos e frangos. Ainda assim, nenhum dos bancos brasileiros pontuou nos critérios específicos sobre bem-estar animal. Isso gera sérias preocupações sobre a proteção desses animais quando investimentos são concedidos”, alerta Galvani. 


Também foram avaliados 24 bancos internacionais que operam no Brasil. Desses, a maioria (18) também apresentou pontuações baixas de apenas um ou mesmo zero – incluindo o Santander, o HSBC e o Citibank. Entre os mais bem ranqueados, destacam-se os holandeses Rabobank e ABN Amro, respectivamente com 26 e 25 pontos. Ambos possuem políticas específicas sobre bem-estar animal, incluindo restrições ao uso de gaiolas, ao transporte e ao abate de animais.


Plataforma interativa permite que clientes exijam melhorias 


O site www.banksforanimals.org lista as redes sociais e outras maneiras de contato com os bancos avaliados, para que as pessoas possam deixar mensagens pedindo que as instituições financeiras adotem políticas melhores ou parabenizando aquelas que já têm boas diretrizes em prática.


A plataforma também disponibiliza o ranking atualizado com a pontuação de cada banco em relação a bem-estar animal, além de um sistema para comparar as instituições – uma utilidade voltada às pessoas que estão decidindo de qual banco serão clientes.


O site foi desenvolvido em parceria com a Tech to the Rescue, Gerere e Netguru. A plataforma foi publicada em open source, o que significa que o seu código pode ser replicado gratuitamente para uso em outros contextos, com o objetivo de encorajar a inovação no terceiro setor.

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