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53% dos bancos não têm restrições a investimentos que causam sofrimento animal, aponta novo relatório

Atualizado: 13 de mai.

Estudo internacional avaliou 80 instituições financeiras em 22 países; Nubank e Itaú Unibanco receberam a pior classificação no Brasil

O relatório “Além do lucro: Revisão Global de Instituições Financeiras em Bem-estar Animal e Sistemas Alimentares” foi divulgado pela organização internacional Sinergia Animal, nesta segunda-feira (15). O estudo fornece uma análise abrangente de 80 instituições financeiras em 22 países, expondo uma defasagem significativa do setor financeiro com relação ao bem-estar animal e o financiamento de sistemas alimentares sustentáveis.


A avaliação global destaca uma tendência preocupante: apenas 10% das instituições financeiras possuem políticas para desinvestir em práticas que causam sofrimento animal ou para financiar alternativas à base de vegetais, sendo que 53% das instituições avaliadas receberam pontuação zero. Apesar de alguns progressos, com 11 bancos melhorando as suas políticas em comparação a 2023, instituições renomadas como Goldman Sachs e ICBC regrediram em seus compromissos anteriores.


Nubank e Itaú Unibanco têm pior classificação no Brasil


“Atualmente, o nosso mundo enfrenta desafios sem precedentes: a crise climática, os riscos para a saúde pública e o aumento da insegurança alimentar exigem uma ação imediata de todos os setores. Avaliamos o desempenho dos bancos nessas áreas, a partir 21 critérios — desde políticas que proíbem o financiamento das práticas mais cruéis com os animais na pecuária a outras atividades prejudiciais, como o comércio de animais silvestres, testes em animais e o uso indiscriminado de antibióticos. Também levamos em consideração políticas voltadas a sistemas alimentares sustentáveis”, explica Merel van der Mark, que lidera o programa de Bem-Estar Animal e Finanças da Sinergia Animal.


No Brasil, os bancos com maior pontuação foram BTG Pactual com 12% e Impact Bank com 10%, enquanto Itaú Unibanco e Nubank tiveram nota zero. Já no cenário internacional, os bancos Triodos, de Volksbank, Australian Ethical, Rabobank e ABN Amro mantiveram a sua liderança como os cinco bancos com as melhores políticas de bem-estar animal e sistemas alimentares sustentáveis.



O relatório revela que a maioria das instituições financeiras está atrasada com relação aos apelos globais pelo combate à crise climática, pela proteção dos animais e pela transformação dos sistemas alimentares — recentemente ecoados em declarações de importantes órgãos internacionais.


A Assembléia Geral das Nações Unidas, por exemplo, pediu maior ambição em reforçar a saúde e o bem-estar animal, como um fator significativo para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Além disso, a COP28 emitiu uma declaração priorizando sistemas alimentares resilientes e o combate à crise climática. A OCDE atualizou suas diretrizes para incluir provisões para o bem-estar animal e a Organização Mundial de Saúde fez um apelo para que se adotem dietas mais saudáveis, diversificadas e baseadas em vegetais.


“Os bancos têm o poder e a responsabilidade de promover um futuro onde o bem-estar animal, a saúde humana e o combate às mudanças climáticas integrem as práticas econômicas. Este relatório é um alerta para que o setor financeiro priorize a sustentabilidade a longo prazo ao invés de lucros a curto prazo, valorizando o bem-estar animal e promovendo sistemas alimentares mais sustentáveis”, afirma Van Der Mark.


Ativismo pelo progresso

O relatório também apresenta um estudo de caso de uma campanha para o banco holandês Rabobank, que pede a implementação de suas políticas de bem-estar animal e exige que alguns dos seus clientes, como os atacadistas internacionais Makro e Ahold Delhaze, parem de adquirir ovos de galinhas confinadas nas controversas gaiolas em bateria – inclusive em países de baixa renda como Argentina, Colômbia e Indonésia.


“Com esta campanha, destacamos o importante papel das instituições financeiras para promover mudanças positivas. O financiamento de empresas que não proíbem as piores práticas contra os animais em suas redes de fornecimento contradiz os compromissos positivos já em vigor no Rabobank. Ter uma boa política não é suficiente – os bancos precisam garantir que ela seja implementada”, sinaliza van der Mark.


Mais detalhes sobre o desempenho dos 80 bancos avaliados, incluindo diversos bancos do Brasil, podem ser consultados no relatório “Além do Lucro: Revisão Global de Instituições Financeiras em Bem-estar Animal e Sistemas Alimentares” — disponível em www.banksforanimals.org


O site também permite que os consumidores enviem mensagens às instituições solicitando melhorias em suas políticas. “Esperamos que os bancos vejam isso como uma oportunidade para evoluir e que, ao avaliarmos e darmos visibilidade às suas políticas, possamos observar resultados cada vez melhores”, conclui van der Mark.

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